A noção de que nossos representantes políticos são muito ruins é quase unanimidade, em todas as classes e em todas as partes do país. A percepção se mostra pior para o legislativo: senadores, deputados e vereadores viraram um sinônimo imediato de corrupção e interesses escusos, ao ponto de que já nem tentam mais negar seus deslizes, aceitam assumir que fazem tudo errado alegando a prática é comum a todos. Nivelam por baixo e deixam explícito que seus interesses estão acima dos interesses nacionais. No executivo a situação não é diferente, as últimas eleições municipais estiveram recheadas de exemplos de prefeitos que jogaram o município no caos antes de encerrarem o mandato apenas porque seu partido perdera as eleições. Que se dane a cidade, o interesse é apenas manter o cargo ou entregá-lo aos parceiros. E mesmo os altos índices de aprovação da atual presidente vêm embolados no entendimento de que seu bom desempenho ocorre apesar de toda a corrupção que a cerca, no seu partido e nos aliados tanto quanto na oposição.
O deputado federal que se elegeu no principal estado do país com o slogan "pior do que tá não fica" é apenas o expoente de uma estratégia que vem servindo para perpetuar no poder os corruptos. Uma vez criado o senso comum de que todo político é ruim, qualquer um pode se eleger. Não existe parâmetro de qualidade, não existe comparação objetiva baseada na capacidade dos candidatos de desempenharem um bom papel como legisladores ou como administradores; a eleição se resume a montanhas de dinheiro investido em propaganda e a manutenção de um sistema eleitoral que favorece o voto inconsciente, anestesiado, no qual o cidadão não consegue saber exatamente quem elegeu e de quem pode cobrar o seu voto.
Como eleitores temos a obrigação de estabelecer critérios mais objetivos para escolher nossos candidatos, e fazer do acompanhamento das atividades políticas uma tarefa rotineira. Se os políticos fossem constantemente avaliados e comparados, teríamos instrumentos melhores para estabelecer nossas escolhas. E, acima de tudo, mecanismos mais eficientes de pressão popular. Se cada um de nós usar parte das horas gastas nas redes sociais para divulgar informações sobre as atividades, boas ou ruins, de nossos políticos, teríamos um mecanismo constante de avaliação e comparação.
Alguns parâmetros de qualidade simples podem ser utilizados sem muito esforço. Para o legislativo, por exemplo, podemos acompanhar a presença nas sessões plenárias e nas comissões, o voto nas principais matérias, o número de projetos propostos e quantos se tornaram leis. Podemos ainda analisar a quantidade de assessores e suas qualificações e os gastos com verbas indenizatórias. No executivo é possível estabelecer metas para o governante e verificar o quanto elas foram atingidas ao final do mandato, comparar a evolução de gastos em seu governo, o percentual de conclusão de obras e projetos.
Agindo assim seremos capazes de definir o perfil e a expectativa de desempenho dos políticos que queremos eleger, induziremos a imprensa a obter e divulgar dados mais objetivos sobre os candidatos e, principalmente, criaremos mecanismos de acompanhamento e fiscalização dos eleitos. Não é a solução definitiva, mas certamente um bom instrumento de questionamento e de manifestação popular. Imagine, tomando um exemplo recente, se analisássemos o desempenho objetivo de ministros nomeados, dos presidentes do senado e da câmara dos deputados, de presidentes de comissões. Seria muito mais fácil identificar quem foi escolhido por suas competências e quem está lá apenas para receber a fatia do bolo.
Agindo assim seremos capazes de definir o perfil e a expectativa de desempenho dos políticos que queremos eleger, induziremos a imprensa a obter e divulgar dados mais objetivos sobre os candidatos e, principalmente, criaremos mecanismos de acompanhamento e fiscalização dos eleitos. Não é a solução definitiva, mas certamente um bom instrumento de questionamento e de manifestação popular. Imagine, tomando um exemplo recente, se analisássemos o desempenho objetivo de ministros nomeados, dos presidentes do senado e da câmara dos deputados, de presidentes de comissões. Seria muito mais fácil identificar quem foi escolhido por suas competências e quem está lá apenas para receber a fatia do bolo.