18 de jan. de 2013

Além do voto

No decorrer dos cerca de vinte anos de existência do meu título de eleitor, apenas três Presidentes diferentes foram eleitos. Um quarto, Itamar Franco, governou por dois anos em substituição ao único presidente expulso de seu posto, e que hoje ri e dá conselhos em seu gabinete do senado.

Durante todo esse período José Sarney exerceu mandatos eletivos, César Maia e Garotinho fizeram carreira no Rio de Janeiro (e a transmitiram à família), Paulo Maluf ganhou eleições mesmo depois de tornar-se procurado internacionalmente. Políticos foram associados com todo tipo de crime e corrupção, inclusive com atos quase irreais como assassinatos com motosserra.

Na primeira eleição em que votei para Governador do Distrito Federal, meu candidato foi eleito para depois ser preso por corrupção. E mesmo assim eu fiquei feliz com a minha escolha, porque ajudou a enterrar a carreira política de Joaquim Roriz. Na eleição seguinte escolhi um candidato com a ficha suja em função de uma passagem conturbada pelo Ministério dos Esportes, outra vez para matar a carreira de Roriz. Estou torcendo para que na próxima eleição eu possa possa me basear em outros motivos.

Dizem que o voto é a arma do cidadão, mas essa arma se tornou obsoleta, uma baioneta contra as máquinas pesadas de um sistema político construído para perpetuar os corruptos. E a corrupção avança descaradamente, em todos o partidos, em todos os níveis, avança no nosso dia-a-dia, na falta de ética no trânsito, na busca de vantagens pessoais em detrimento do coletivo, no desrespeito sistemático a toda e qualquer lei.

Parece-me cada vez mais claro que votar já não faz muita diferença, o indivíduo eleito acaba se dobrando ao sistema de corrupção já instalado, em favor da governabilidade ou sob a alegação de que, para sobreviver politicamente, tem que ceder.

Continuemos votando, então, porque a democracia ainda é - disparadamente - a melhor alternativa. Porém precisamos matar a ilusão de que o voto é transformador; o voto é apenas cotidiano. Necessário, imprescindível, assim como também escovar os dentes é indispensável. E ninguém acha que vai mudar o país porque tem uma boa higiene bucal.

Vamos além do voto, portanto, vamos tomar parte na vida política, não necessariamente como candidatos, mas especialmente como cidadãos. Ser cidadão não é somente pagar seus impostos e esperar por soluções. É tomar posição, cobrar ações, propor soluções. É dar exemplo. Proponho a todos que comecem um exercício de pensar, todo dia, o que pode ser feito hoje para melhorar seu bairro/cidade/país. Vamos além do voto.

Um comentário:

  1. O grande problema constituem-se nos partidos políticos. O povo não vota em quem quer mas em quem os partidos escolhem. Para as futuras eleiões presidenciais já temos os candidatos escolhidos pelos partidos e os conclavos entre eles. Para piorar existem as empresas que "compram" os candidatos com apoios financeiros aos que tem maiores probabilidades de ganhar as eleições. Todo mundo fala que os parlamentares são corruptos,mas nenhuma empresa é corrupta, mesmo quando são fragladas no erro. Caso das ambulancias.... è necessário uma mudança total na politica iniciando-se com os partidos políticos.;

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